Assembleia debate a abolição inacabada no Brasil

A Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu, no último dia 25/05, a abolição inacabada da escravidão no Brasil após 135 anos da entrada em vigor da Lei Áurea e a promoção da igualdade racial.

A reunião foi acompanhada por alunos da Fundação de Ensino de Contagem, que, representando a esperança em uma sociedade mais preparada para extirpar essa chaga social, lotaram o Auditório José Alencar.

Makota Celinha, coordenadora-geral do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira, lembrou que só este ano, entre outros casos, um homem negro foi chicoteado, uma negra foi mordida na rua e outra foi retirada de um voo só porque carregava uma mochila nas costas.

Ao se definir com orgulho como mulher preta, favelada e macumbeira, ela contou que, ao contrário das mães brancas, que recomendam que seus filhos carreguem um agasalho ao sair de casa, pede que o seu menino leve a carteira de identidade. As mães de meninos negros não dormem até que eles retornem para casa, com medo da violência policial e social, do que pode acontecer com “seus corpos pretos”, frisou.

Abordando a contradição de o Brasil contar com a maior população negra fora da África ao mesmo tempo em que aqui é onde mais se mata negros, ela implorou aos jovens da plateia que não aceitem o racismo como algo comum, banal.

Autor do pedido para realização da audiência, o presidente da comissão, deputado Marquinho Lemos (PT), comentou o processo de abolição da escravatura no País, o último do continente americano. Ele destacou que os negros e seus descendentes foram abandonados e excluídos da sociedade.

“Continuaram marcados pela escravidão, por meio da desproteção, da violência e do extermínio. A abolição não foi acompanhada de condições que garantissem liberdade de fato e igualdade de direitos.”

Para Alexandre da Silva, da Casa de Cultura Lode Apará, que atua na promoção da cultura africana bantu, a abolição inacabada da escravidão é um projeto de caso pensado, ainda em curso.

Recentemente, ele foi chamado para uma reunião de pais na escola do seu filho porque uma das alunas foi chamada de macaca. “Precisamos buscar representatividade nas casas legislativas de pessoas que entendem a nossa dor”, afirmou, ao lamentar a sub-representarão da população negra no Parlamento mineiro e nos espaços de poder em geral.

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