Campanha Defender Nossos Rios, Proteger Nossas Águas

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A partir de hoje, vamos apresentar a série “Defender Nossos Rios, Proteger Nossas Águas”, com histórias contadas por pessoas de diferentes regiões do nosso estado e suas relações com os rios e águas.

São histórias afetivas da importância daquele rio para a população local, exemplos de recuperação de nascentes, mas também denúncias de poluição, seca e contaminação.

Minas Gerais, que já foi considerada a caixa d’água do Brasil, vem sofrendo com enchentes, secas e poluição. Precisamos repensar a segurança hídrica em nosso estado.

Acompanhe:

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Itamar José de Abreu

São João do Manhuaçu

“A água é geradora de vida, é essencial na agricultura e na cidade. Infelizmente, ela é mal explorada por muitos, gerando tanto fortes enchentes, quanto falta de água, poluição com resíduos de café, dentre outros.

Este problema atinge a população em perda de parte das propriedades, destruição de lavouras, estrada e causando pânico. Antes os rios da nossa região tinham muitas curvas, mais águas, hoje estão mais retos e estão aterrando as margens do rio.O recado que deixo é: precisamos tomar providências mais rápido possível, conscientizando a população para cada qual fazer sua parte na preservação de nossas águas”.

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Custódio Jovêncio Barbosa Filho

Carangola

Sou nascido em Manaus Amazonas em 1975 e desde 1985 fui radicado no estado de Espírito Santo. Em 2017 passei em um concurso público na Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, no estado de Minas Gerais, morando por quase três anos no município de Ubá localizado também na Zona da Mata em Minas Gerais – MG.

Nesta cidade pude acompanhar durante as cheias do Rio Ribeirão Ubá que é um curso de água afluente do Rio Xopotó subafluente do Rio Pomba que compõe a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, muitos desequilíbrios quando as águas invadem as ruas, casa e comércio central da cidade de Ubá e toda vez que isso ocorria havia muitos desperdícios de material e principalmente de sonhos.

Em 2020 tive a oportunidade de vir para a Unidade de Carangola via também concurso público e aqui quando cheguei na primeira semana em que me instalei, fui acometido de uma das grandes enchentes causadas pelo Rio Carangola.

A cidade ficou arrasada com as águas do Rio Carangola que inundou todo o centro da cidade e grande parte das comunidades que margeiam o Rio. Infelizmente em 2021, a cidade passou por uma nova enchente causando mais perdas por parte dos moradores e comerciantes.

Neste sentido, a existência do bem maior como o recurso hídrico que atende as demandas da agricultura no município, com o desequilíbrio e desmatamento principalmente de suas encostas causam muitos prejuízos culturais (perdas de parte dos acervos históricos), econômico (atingi o comércio local), materiais (os ribeirinhos perdem seus bens), dentre outras perdas.

Na agricultura Familiar as perdas são ainda maiores, ao serem atingidas as famílias perdem grande parte de suas produções em alguns casos a produção inteira da lavoura.

De acordo com as histórias contadas pelos moradores mais antigos da cidade as enchentes de tamanhas proporções como a 2020 e 2021 havia muitos anos que não ocorriam, mas o Rio Carangola que corta toda a cidade central tem dimensões estreitas e um alto nível de assoreamento.

Desde nossa chegada a cidade temos buscado contribuir de alguma forma que a população compreenda a importância de se manter e proteger as nascentes e também as matas ciliares do Rio, bem como, evitar quaisquer tipos de ação sobre o curso do Rio para que as águas sigam seu percurso até o mar.

Vale destacar que a água é vida e o Rio Carangola deve ser protegido. Juntos podemos pensar saídas para que as enchentes possam ser controladas e que possamos nos orgulhar como morador de uma cidade em que possui um Rio que trafega no centro de seu município.

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Rodrigo Fernandes da Consolação
Periquito

Minha relação com o rio era de lazer e também de sustento, mas no dia 5 de novembro de 2015 acabou tudo para nós moradores de Periquito.

O nosso Rio Doce se tornou um rio amargo, morto e sem vida com esse crime que aconteceu . Não só que eu fui prejudicado, mas todos nós moradores de Periquito, pois era com o rio que tirávamos nosso sustento e também tínhamos nosso lazer. Era também onde os pequenos agricultores plantavam a margem dos do rio e vendiam, também os barraqueiros que tinham seu comércio as margens da BR 381 e que também dependiam do rio para o seu sustento.

Antes desse crime, que foi o rompimento da barragem, a gente podia passar todo o dia às margens do rio pescando, tomando banho para se refrescar no calor. No fim de semana nosso lazer era o rio, nossa praia era o Rio Doce, reunimos para tomar um banho, fazer um churrasco.

Infelizmente eu sei que não irei mais viver isso, pois o nosso Rio Doce acabou. A fartura de peixes, a fartura de legumes, verduras e o nosso lazer tudo acabou. A saudade é enorme, ainda mais que eu não viverei isso mais, mesmo sendo jovem.

Da forma que o nosso rio foi contaminado nem tão cedo ele voltará ao normal.

O recado que eu deixo é que a nossa luta deve ser constante em defesa da água e do meio ambiente, para que crimes como esse de Mariana não aconteçam mais, pois é do rio o nosso principal alimento para vivermos.

1 4O município de Buritizeiro ainda tem uma boa oferta hídrica. É quase que todo circundado por três grandes rios o São Francisco, o Paracatu e o Rio do Sono. Temos ainda muitas veredas, córregos, riachos e ribeirões. No entanto, há de se ressaltar que todo sistema hídrico é frágil e não é diferente aqui em nosso município onde nossos cursos hídricos vêm sendo cada vez mais ameaçado com o avanço do agronegócio desordenado, a agricultura familiar sem a devida assistência técnica e as práticas degradadoras como queimadas e desmatamentos.

A população sofre como um todo devido a aridez que causa a degradação do solo que é resultante do constante aumento de temperatura e supressão da vegetação. A agricultura familiar precisa de melhor assessoramento pois também é uma das causadoras de boa parte da degradação ambiental com a prática constante de criação de bovinos e plantações de subsistência em meio a veredas e ribeirões.

A pesca, com certeza, era mais abundante. No entanto, sem um dispositivo que possa regular o nível do rio tem cada vez menos peixes uma vez que o leito não consegue atingir os berçários marginais para que haja a proliferação dos espécimes aquáticos.

“Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver sido poluído, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come”, Alanis Obomsawin.

 

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Enedina Croata

de Januária

” São muitas as dificuldades que as comunidades tradicionais enfrentaram e vem enfrentando a cada dia. Muita poluição e lixo dentro do nosso Rio São Francisco, muitas vezes fazemos mutirões após as enchentes para conseguirmos limpar os barrancos.
Temos muitos fatores de poluição, destacamos aqui as grandes empresas como as mineradoras e também a Copasa, que joga muitas vezes o esgoto e os materiais pesados diretamente no nosso Velho Chico. Isso tudo vem adoecendo nosso povo, nossa flora e fauna.
Salve o Velho Chico!”
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Nádia Rocha

Inhapim

Neste momento, o Governo Zema está tentando aprovar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma regionalização dos serviços de saneamento incluindo água, esgoto e resíduos sólidos. Esta regionalização tem como foco a entrega destes serviços a empresas nacionais ou estrangeiras.

Nossa região é de agricultores familiares. Muitas vezes, o não conhecimento sobre preservação leva as pessoas a realizarem ações que prejudicam a quantidade e qualidade das águas. Por este motivo temos realizado muitas ações de educação ambiental em comunidades e escolas. O principal prejudicado pela escassez é o próprio agricultor. Mas já está acontecendo, sem dúvida um processo de conscientização.

Estou atualmente atuando como Presidente do Comitê de Bacia do Rio Caratinga que é uma sub-bacia do Rio Doce. Exerço também a função de Coordenadora Adjunta do Fórum Mineiro de Bacias Hidrográficas (FMBH).

Neste momento, o Governo Zema está tentando aprovar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma regionalização dos serviços de saneamento incluindo água, esgoto e resíduos sólidos. Esta regionalização tem como foco a entrega destes serviços a empresas nacionais ou estrangeiras (privatização).

Temos que nos posicionar enquanto militantes contra este processo na medida que entendemos que a água deve ser oferecida e acessível a todos sendo um direito humano que a nossa própria Constituição garante, que estes serviços são de competência dos Municípios. Entendemos também que controle social é fundamental para garantir que as comunidades tenham acesso à água.

Está deve ser uma luta de todos nós democratas. Não à privatização de nossas águas.

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Jorge Alexandre dos Santos

Pescador

Eu, Jorge Alexandre dos Santos, nascido em 23/08/1963, sou morador de Salto da Divisa, no Vale do Jequitinhonha.

A minha relação com as águas é que, acima de tudo, eu sou pescador profissional há 32 anos. Minha profissão tem uma ligação direta com água e defende o meio ambiente a qualquer custo. É da água que tiramos o sustento para manter nossa família.

A situação do nosso rio é muito triste, está só uma crosta de poluição.

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Dezinho Ventura 

Funcionário Público

O Município de Guanhães, desde 2013, estava sofrendo com a falta de água, provocada por longas secas, somadas às interferências humanas, muitas vezes com o uso inconsciente dos recursos naturais e principalmente por meio da mineração que começou suas explorações em nosso município, justamente no ano de 2013 e no Vale do Graipú, ribeirão responsável pelo abastecimento da cidade.

Por um lado, muito sofrimento foi vivido por toda comunidade por longos sete anos, mas sentidos, principalmente pela comunidade de baixa renda, que não detinha meios nem recursos para armazenar ou providenciar água. De outro lado, a empresa responsável pelo abastecimento da cidade, por meio de seus servidores, fazia o que era possível, dentro das condições existentes, para amenizar esse sofrimento.

Em dezembro de 2019, fui convidado pela prefeita Dorinha, para assumir a administração da Autarquia, SAAE, com a responsabilidade de encontrar meios e resolver o longo e doloroso problema da falta de água em nossa cidade. Com recursos próprios (poucos por sinal) conseguimos chegar em dezembro de 2020, com uma grandiosa obra de armazenamento de água. Licitamos e construímos uma represa com a capacidade de armazenamento de 125 milhões de litros em um pequeno período de 12 meses. Além dessa obra, vários poços artesianos foram equipados e disponibilizados para contribuir no abastecimento em locais estratégicos, voltados principalmente para o atendimento das comunidades mais necessitadas.

Tudo isso realizado com recursos da própria autarquia, que passou a administrar esses recursos com objetivos de encontrar soluções e colocar em prática projetos que por muitos anos foram considerados sonhos distantes de serem alcançados.

Em 2020, depois de sete anos, não tivemos racionamento em nossa cidade. Queremos que essa seja a nossa nova realidade. No entanto, precisamos continuar contando com a parceria da comunidade como um todo, com o uso consciente e racional desse recurso que a cada ano vem se tornando tão escasso. Temos muito ainda a fazer. Sabemos que a mineração está avançando cada vez mais em nossa região e principalmente em nossa cidade.

No último mês, por medida judicial, foi autorizado instalação de nova mineradora na área do manancial do rio Graipú. A luta será árdua e longa. Somente com a participação efetiva de toda comunidade venceremos essa luta”.

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Matheus Damazio

Geólogo

“A água é o principal recurso da vida. Se ela chega pra uma população com a qualidade comprometida, passa a ser menos saudável viver nesse local.

Enchentes são esperadas nos períodos de chuva e rodízio de consumo nos períodos de escassez. Os prejuízos vão de casas destruídas à saúde comprometida por doenças e intoxicações. A agricultura familiar sofre com esse ambienta nocivo, diminuindo a saúde do solo, do alimento e daqueles que vivem ali.

Manhuaçu há enchentes, rio assoreado, zonas de recargas de água ameaçadas por mineradoras e monoculturas e eventual escassez.

O rio era parte de cada um que morava nos seus arredores. Lavadeiras, crianças brincando, pessoas nadando pra se refrescar, pescadores de monte. Histórias que ouço dos meus tios mais velhos. Depois disso, só sujeira. O rio morreu ambientalmente e socialmente.

Que estejamos firmes e juntos para lutar pela questão hídrica na nossa região e país. A água não é um produto comercial, muito menos somente um recurso mineral. A água é nossa garantia de vida. Temos que proteger e auxiliar na regeneração das nascentes e cursos hídricos”.

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Wanderley Kuruzu

Ouro Preto

“A falta de água potável nas torneiras de suas casas, tem sido um problema crônico para o povo de Ouro Preto. E quem sofre mais é a parcela de renda mais baixa, que, em sua maioria, mora nas partes mais altas da Cidade.
Com o anseio de ajudar na solução desse problema, protocolei em fevereiro deste ano na Câmara Municipal um Projeto de Lei, no qual o Poder Executiva deverá conceder isenção da Tarifa de Água e Esgoto, Conservação de Hidrômetro e anistia de débitos e dá outras providências, para essa parcela da população Ouro-Pretana, que vem sofrendo com as mazelas do governo Federal e Estadual.
E fica aqui o meu agradecimento ao povo de Ouro Preto por ter atingido elevado nível de consciência ambiental e, em sua maioria, estar de acordo com a implantação de hidrômetros na cidade, desde que a tarifa praticada seja socialmente justa, a água não falte e seja de boa qualidade”.
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Danilo Francisco da Silva
Recreio

“ Recreio vivia com constantes enchentes dentro do perímetro urbano devido ao transbordo do ribeirão dos Monos que corta a cidade. No governo de 2005/2008 e 2009/2012, a gestão de Fernando Coimbra foi realizado desassoreamento do ribeirão dos monos pela empresa Rural Minas resolvendo o problema constante das enchentes. Houve períodos de escassez de água devido a problemas climáticos, tendo como solução a construção de poços artesianos em parceria com a iniciativa privada no distrito de Conceição da Boa Vista que atende a UTC e o conjunto Habitacional José Joaquim Coelho. Em Recreio, foi construído poço artesiano no Horto Florestal para atender a horta comunitária, na gestão de Fernando de Almeida Coimbra.

Na gestão do atual prefeito José Maria André de Barros onde teve o pior período de escassez de água chegando a ter rodízio de abastecimento entre os bairros, a solução encontrada foi a construção de poços artesianos pela COPASA em vários pontos da cidade para regularizar o abastecimento.

Foi também realizada pela atual gestão a reabertura da Usina de Triagem e Compostagem de Resíduos Sólidos, que atualmente emprega 10 famílias oriundas de programas sociais e participa do programa nacional de logística reversa, para diminuir os impactos negativos no meio ambiente, além de contribuir na preservação da nossa natureza, reduzir o descarte incorreto e diminuir os riscos de contaminação do solo. Haja vista que o contato do líquido que sai do lixo orgânico com a terra polui o solo desta área e pode contaminar os lençóis freáticos.

Assim é possível economizar e evitar que este tipo de materiais seja lançado indevidamente em locais como ribeirões e rios.

Atualmente, estamos através da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, responsáveis pela UTC, pleiteando a nossa participação no Polo Agroecológico da Zona da Mata conforme a Lei 23,207, que é um celeiro de alimentos saudáveis”.

1Caroline Nunes

Simonésia

Me dói o coração ver o rio, a fonte de origem de nossa cidade poluído com os esgotos domésticos, comerciais e de lavouras sendo lançados diariamente. Rio Palmeiras, Rio São Simão e os demais córregos merecem maior respeito da população e poder público, porque são eles a fonte de toda a vida que aqui existe.

A falta de planejamento urbano e mal direcionamento dos recursos públicos também é algo que atormenta nossa cidade.

Frequentemente, no período de cheias, as pessoas residentes das margens são atingidas pelo rio, que toma o que é dele por direito. Nós humanos precisamos compreender melhor a natureza, e nos adaptarmos a ela, e não o contrário.

Se o poder executivo tivesse esse olhar mais sensível à causa hídrica, trocaria os pavimentos da cidade, pra aumentar a permeabilidade e diminuir o volume das cheias, investiria em saneamento básico, e tratamento dos efluentes.

As pessoas mais velhas contam que antes da intensificação das lavouras de monocultura o volume da água era muito maior, e aos finais de semana as pessoas iam nadar no rio. Era seguro. Hoje em dia, além da contaminação pelo esgotos da cidade, há o risco de contaminação por agrotóxicos. Ninguém mais tem coragem de se aventurar nas águas.

É desolador pensar o quanto tudo mudou em poucas décadas. Levanto a bandeira em defesa das águas, porque sem ela não há sustentação da vida. Já passamos do momento de conservar, precisamos restaurar os recursos hídricos. Porque com água se planta, e da água tudo se cria.

wagnerWagner Goretti Villa Verde
Biólogo

“As inundações ocorridas provocaram prejuízos enormes na economia local. Além das instalações públicas que foram afetadas, como escolas, postos de saúde, centros de referência assistencial, temos também que contabilizar as inúmeras áreas de plantio que foram alagadas, além daquelas que sofreram com os deslizamentos de taludes”.

Fui secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil durante os últimos 4 anos e coordenei as ações de recuperação da cidade após as duas piores inundações da história da cidade. A primeira ocorreu em 2020 e a segunda esse ano, em 2021.
Nessa coordenação, pude apurar, juntamente com a equipe técnica, que nosso município não trata de forma adequada sua bacia hidrográfica. O município precisa de meios adequados para atuar na fiscalização ambiental e não possui viatura adequada e a equipe é escassa.
A cidade não contempla o tratamento da rede de esgoto, que é jogada diretamente no rio, poluindo de forma brutal nossos mananciais. Apesar de plano de saneamento básico estar concluído, a execução é dispendiosa e sem o apoio de recursos estaduais ou federais, a sua efetivação é inviável.
As inundações ocorridas provocaram prejuízos enormes na economia local. Além das instalações públicas que foram afetadas, como escolas, postos de saúde, centros de referência assistencial, prédios das secretarias, farmácia pública, prédio da prefeitura, igrejas, praças, pontes rurais e urbanas, há o prejuízo comercial, avaliado através das mercadorias que foram perdidas na inundação. Temos também que contabilizar as inúmeras áreas de plantio que foram alagadas, além daquelas que sofreram com os deslizamentos de taludes. Todos esses prejuízos nas duas inundações foram registrados no sistema da Defesa Civil Federal – S2ID (Sistema Integrado de Informações dos Desastres), do Ministério do Desenvolvimento Regional e podem ser acompanhados pelo governo.

O rio São João sempre fez parte do desenvolvimento do município de Espera Feliz. A cidade cresceu ao longo de suas margens. Ainda hoje é a ocupação irregular nos limites das áreas de proteção permanente que promovem os maiores problemas ambientais no perímetro urbano. Não há a recomposição da mata ciliar que protege as margens do rio da erosão e em casos de inundação, diminuem a velocidade das águas.

Não há vida sem água e pela lei, todo recurso hídrico deve ser protegido por nós, portanto temos que cobrar do poder público ações consistentes para melhorar a qualidade de nossas águas”.

 

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Railyne Paula André

A situação atual da minha região é a contaminação das águas pelo uso de agrotóxicos no monocultivo de café e também por ter casos de esgoto no rio. Pessoas retiram a mata dos topos de morros para plantar café e quando chove a terra não segura e desce todo o barro. Outro fator é o acumulo de lixo na beira de estradas rurais.

Todas as situações citadas atrapalham a vida digna no campo, pessoas não tem acesso a uma água potável, não tem coleta de lixo, não é trabalhado a questão de diversificação de culturas e nem práticas alternativas ao uso de agrotóxico.

Nada era melhor do que a criançada tomar banho no rio, área de lazer para todos, que hoje é uma água suja, águas essas que abastecem a cidade. A relação do homem com a natureza precisa ser diferente. São com poucas ações que isso muda, começando pela valorização de um rio limpo para poder nadar, bem como a importância da água para os seres que vivem naquele espaço.

Que todxs tenham acesso à vida e acesso à água. Água nosso bem maior, sem água não tem produção de alimento”.

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Betão do Rodeador

Comunidade da venda Distrito de São Pedro das Tabocas – município Pedra de Maria da Cruz

“Nasci, fui criado e tenho muito orgulho de ser ribeirinho do Rio São Francisco.

Quero deixar um recado pelo que está acontecendo. Antigamente, o rio era saudável. Hoje, é um rio que nem sempre podemos usar.

Há 10 anos, a gente teve uma situação aqui do Rio São Francisco onde não podiamos banhar e nem beber, então é uma poluição que está tendo no Rio.

Ninguém fala o porquê do rio está assim. Estamos com vários tipos de peixe em extinção.

A Votorantim acabou com os peixes. Quantos milhões de Curimatã morreram? A justiça iria indenizar os pescadores e até hoje nem um centavo. Mesmo assim, se tivesse indenizado os pescadores, não valeria nada, porquê não tem nada que paga a nossa natureza do Rio São Francisco.

Pedimos às autoridades que não deixem o rio morrer, porque se esse rio morrer, vai acabar com a nossa nação ribeirinha. Hoje, temos orgulho de estar aqui neste território do nosso Rio São Francisco. Ele é o nosso pai, a nossa mãe, é quem nos criou e nos deu o sustento para a nossa família e as para as próximas gerações.

Se não tiver cuidado com o Rio São Francisco, pelo que eu estou vendo, daqui 10 anos o pessoal só terá notícia da sua existência. A poluição que o pessoal tá fazendo com a natureza, com certeza, vai acabar com o rio.

Peço a vocês, encarecidamente, que não deixa o nosso rio morrer. Eles estão falando de fazer uma barragem no rio São Francisco, e nós não vamos aceitar.

Tenham cuidado com o nosso Rio São Francisco, sou um pescador profissional, vazanteiro, com mais de 40 anos de profissão. Sou caipira na beira do rio e também quero que o meu neto seja criado aqui, com a água do rio São Francisco”.

 

Vitor1Vitor Carvalho Queiroz

Belo Horizonte

“Belo Horizonte é extremamente urbanizada, e de uma forma pouco amigável com a natureza e com a água. A água é associada, infelizmente, com problemas, seja enchentes e inundações, seja poluição dos cursos d’´água, seja com a escassez e falta de água

Os prejuízos são constantes, especialmente com as inundações, desde perdas materiais até a perda de vidas humanas.

Tenho 35 anos, nasci em Belo Horizonte, então desde sempre lembro de conviver com esses problemas. Infelizmente, eles não apenas permanecem como se agravam ao longo do tempo.

Precisamos urgentemente mudar nossa relação da cidade com o meio ambiente e com as águas, temos que criar uma relação mais harmoniosa e valorizar as águas e não enxergá-las como um problema”.

 

 

ramiroRamiro Andrade Grossi

Raul Soares

“Águas para a vida e não para a morte” tem sido mais um lema de frente nas lutas aqui em nossa comunidade. Especificamente estamos em meio a uma batalha contra a Brookfield Elera Renováveis que tem feito muito mal para a nossa comunidade ribeirinha e pra quase todo o povo de Raul Soares, sem qualquer respeito ou contra partidas que minimizem todo o impacto social e ambiental que vem provocando há mais de 20 anos.

Com as mudanças climáticas e ingestão das barragens do Emboque e de Granada a situação só está piorando.

O MP está vigilante e cobrando mas muito longe daquilo que gostaríamos pois as leis protegem os poderosos detentores do grande capital globalizado.

Eles causam enormes prejuízos a todos setores da economia através da ocupação de áreas agricultáveis próximas da sede do município, através da contaminação da água por não haver tratamento de esgoto que funcione no Distrito de Bicuiba, pelas frequentes cheias e inundações provocadas pela má gestão da passagem e armazenamento de água, pela falta de investimentos na geração de trabalho e renda na comunidade, pela não aplicação de Plano de Contingenciamento entre muitos outros problemas graves.

A relação com os Rios Matipó e Rio Santana além dos córregos que compõe a nossa pequena Bacia Hidrográfica permanece viva. Raul Soares já foi São Sebastião de Entre Rios e isso não se perde em pouco mais de vinte anos. Mas fomos atingidos diretamente na qualidade da pesca, na proximidade com as águas e principalmente na ruptura do processo natural do maior curso D’Água.

Meu recado é de que precisamos continuar acreditando na luta e que um dia seremos vitoriosos. Perdemos muitas batalhas mas temos que vencer está guerra contra a transnacional Brookfield Elera Renováveis”.

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Jean Carlos Martins Silva

Viçosa

Em Viçosa vivemos uma crise hídrica crônica. Desde 2002 passamos por racionamentos anuais do abastecimento hídrico. Viçosa é uma cidade que vive na pele a insegurança hídrica.

Entre 2010 e 2016 um projeto de mineroduto ameaçou agravar mais essa situação. Um projeto da empresa Ferrous Resources S.A que pretendia ampliar sua mina de extração de ferro em Congonhas e com isso passar um tubo de transporte de minério por 22 municípios de MG, RJ e ES. Uma dessas cidades era Viçosa, que teria seu principal manancial afetado, o ribeirão São Bartolomeu. Por isso, também partiu daqui a Campanha pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous que depois se espalhou pra Muriaé e Lafaiete e depois de 6 anos de luta social conseguiu derrotar esse projeto.

No entanto, o ribeirão São Bartolomeu, antigamente chamado de rio, segue à minguá. Afetado pelos grandes condomínios das construtoras que dominam a cidade e também pela incompetência do SAAE de Viçosa em utilizar da ciência da UFV para realizar um grande programa de recuperação daquela bacia.

Apesar disso, a cidade repleta de áreas declivosas impermeabilizadas sofre também com as enchentes nos períodos chuvosos. Não por culpa das chuvas, mas pela visão limitada dos governantes que não conseguem elaborar um plano de estruturação da cidade.

Portanto, em relação a essa temática, nossa cidade ainda tem muito o que fazer.

Porém, não são somente experiências ruins. Podemos citar também a lei que obriga qualquer prédio construído na cidade hoje a realizar a captação de água da chuva. Uma iniciativa inteligente, necessária e que ataca o problema em dois flancos, o da falta de água para consumo e o do excesso durante as chuvas.

Essa luta é nossa, essa luta é de todos. Se não desenvolvermos essa consciência em tempo e passarmos a nos envolver, cobrar, propor, refletir e agir sobre essa questão, não haverá futuro pra nós. Pelo menos não pra nós pobres, que somos a imensa maioria da população brasileira. Vejo que no futuro, num cenário de total escassez de água potável, nossos netos e bisnetos olharão pra nós e perguntarão o que tínhamos na cabeça para podermos usar água tratada, potável para, por exemplo, dar descarga nos nossos sanitários. De fato, é algo tão irracional. Tão impensável. Mas que se tornou natural, cotidiano. E isso se dá por que ainda não estamos buscando enquanto sociedade formas alternativas e racionais de uso da água.

CristinaCristina Maria de Oliveira

Contagem

Em Contagem temos uma represa chamada Vargem das Flores. Ela faz parte do sistema integrado de abastecimento público de água potável, da COPASA. Nossa represa abastece cerca de 500 mil pessoas da RMBH. Atualmente a represa se encontra ameaçada pelo atual plano diretor de Contagem e pela obra do Rodoanel.

O atual plano diretor de Contagem permite urbanizar Vargem das Flores autorizando empreendimentos imobiliários e industriais. Segundo estudos encomendados pela COPASA, se este plano diretor for aplicado, a vida útil do reservatório será de 23 anos. Além disso Vargem das Flores é o reservatório mais seguro pois suas nascentes estão em Contagem e não está não está no caminho da lama caso alguma represa de rejeito de minério se rompa. A represa de Serra Azul e Rio Manso podem ser atingidas pelas barragens das mineradoras. Quase 50% da vegetação em Vargem das Flores é de Mata Atlântica e tem fauna e flora diversas. A prefeita Marília Campos assumiu o compromisso de fazer a revisão do Plano Diretor.

Nossa luta é justamente para não termos racionamento no futuro.

Nossa represa ainda está preservada por isso abastece cerca de 500 mil pessoas da RMBH. O desafio é impedir que o esgoto doméstico chegue na represa.

Água é vida e também a base de todas atividade econômica. A água é utilizada na produção de alimentos, indústria, comércio e serviços. Portanto não existe desenvolvimento econômico sem água.

Água também é um bem comum a serviço dos seres humanos, animais e vegetais. Lutar pela preservação das águas significa deixar para as futuras gerações as condições de manutenção da vida no planeta. Portanto qualquer ameaça à qualidade ou quantidade de água disponível em nossos mananciais gera insegurança hídrica. Água é um direito humano.

Já o rodoanel:

  • É uma via de trânsito de passagem, sem interferência com vias do entorno.

  • O traçado é referencial e permite pequenas adequações e alterações que se façam necessárias.

  • O Decreto de Utilidade pública prevê uma faixa de 150 metros e será retificado posteriormente com a definição do projeto definitivo.

  • A via propriamente dita terá largura final de 80 metros, a princípio com 2 faixas em cada sentido com ampliação previstas de uma faixa em cada sentido prevista reduzindo o canteiro central.

  • É uma PPP – Pareceria Pública Privada de iniciativa do Estado de Minas Gerais.

  • A implantação e o licenciamento do projeto serão de responsabilidade da concessionária (definida na PPP).

  • Concessionária cobraria pedágio (postos de pedágio) por 30 anos a 0,35 por km

  • Como usar recurso para compensar um dano ambiental (que foi o crime de Brumadinho) para cometer outro dano ambiental?

  • Há um conflito de interesse entre resolver problema viário e garantir o abastecimento público. Teremos de escolher entre estrada ou água?

  • Esta obra em Vargem das Flores pode reduzir a vida útil do reservatório e inviabilizar a sua manutenção como manancial e provocar nova crise hídrica.

  • É uma obra de grande impacto ambiental e social. 3500 famílias serão desalojadas e vai ocorrer muito desmatamento inclusive de mata atlântica

  • Ele vai induzir a ocupação populacional em Vargem das Flores por isso a devastação continuará mesmo depois da obra

  • Em Contagem se tornará em uma grande barreira urbana pois teremos a cidade do lado de lá e do lado de cá do rodoanel. Em alguns locais a Igreja está de um lado, a escola ficou do outro, o posto de saúde de um lado e supermercado de outro

  • Finalmente o risco de contaminação em acidentes com carga perigosa. Pode contaminar o lago e tb o próprio sistema de abastecimento da COPASA

  • Hoje a obra foi apresentada na bolsa de valores de São Paulo e o que mais ouvimos foram as vantagens econômicas que a concessionária terá. Não há estudo de impacto ambiental e nem social. Para barrar esta obra precisamos de um grande movimento metropolitano envolvendo os movimentos sociais, os parlamentares, os atingidos.

  • Em Contagem estamos discutindo a proteção de Vargem das Flores desde 2017 qdo foi alterado o Plano Diretor e permitido urbanizar Vargem das Flores.

 

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