Pesquisar
Close this search box.

Uma nova conjuntura se apresenta, porém é a mesma oligarquia de antes: a sociedade precisa de um PT dinâmico, combativo e presente para as lutas que virão

*Adriano Fernandes

Este documento político se propõe a ser o marco inicial de um processo democrático e amplo de diálogo no Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores em Minas Gerais. Sem pretensões acadêmicas, mas voltar de forma didática ao debate organizacional e formativo que os partidos políticos assumem enquanto instrumento de transformação social.

Se espera fomentar com este texto um amplo debate interno entre o partido político, sua direção e a sua militância. O PT é um dos maiores partidos de esquerda do mundo. Na sua formação, as mulheres e homens carregam com orgulho a estrela vermelha no peito mesmo diante dos infindáveis ataques sofridos cotidianamente pelos tradicionais “donos do poder” insatisfeitos com as políticas de transformação social estabelecidas pelo partido a partir do legado petista no Governo Federal.

Para tratar sobre este cenário, é preciso um debate franco, plural e crítico. Não devemos nos furtar a admitir e aprender com erros cometidos ao longo de nossa história. O PT ao longo da última década aprofundou o sentimento de culpa e construiu documentos públicos sobre os desafios de governar que garantiu ao partido uma autocrítica necessária. Ainda que apenas diagnóstica, é necessário pensar o futuro da luta popular e a relação com o PT.

Tendo em vista, todo o processo conjuntural em Minas Gerais e no país, ocorreu um reagrupamento das forças internas e de seus
militantes. É necessário para este momento, construir uma saída que retome a formulação de um projeto coletivo em especial nos diretórios municipais que há a organização do Partido dos Trabalhadores.

No contexto atual, projetos e objetivos que outrora foram construídos e defendidos de modo coletivo, foram substituídos por projetos personalistas, que viram as costas para o interesse público, sufocando a militância e a história do partido.

As opções individuais jamais devem se sobrepor a uma análise contínua coletiva para a tomada de posições coerentes em qualquer partido de esquerda. Ou seja, o partido, este sim, deve se sobrepor a questões pessoais para sobreviver a atual conjuntura e avançar.

Na contemporaneidade, a sociedade em que vivemos não existe espaço para o radicalismo, frente ao neoconservadorismo. Não há empate na luta de classes. Em tempos difíceis como estes para as trabalhadoras e para os trabalhadores, é preciso cada vez mais nos esforçar para criar um diálogo fraterno com todas as forças progressistas e principalmente com a sociedade.

Não desconsiderando os avanços das gestões petistas as marcas do escravismo por exemplo trazem ao Brasil índices alarmantes como o a morte de mulheres, da população LGBTQI+ e o genocídio da juventude negra. Vivemos a séculos em um país constituído no autoritarismo, na violência e nas opressões.

O momento é de transição, populacional, cultural, política e principalmente no mundo do trabalho. Nossa sociedade já não é mais aquela das décadas de 80 e 90, que consistia em uma população urbana industrial.

Hoje somos uma sociedade ainda urbana, mas de serviços. O que vivemos com a consolidação da Constituição Federal em 1988,
uma ideia de estado de Bem-Estar Social enfrenta hoje uma sociedade que relega as lutas dos movimentos sociais e em contraponto tende a estar a cada dia mais liberal e conservadora.

A inercia e a incapacidade na organização política do Partido dos Trabalhadores, em todos os níveis, não conseguiu em tempo fazer a leitura correta de vários acontecimentos e o que nos é vivenciado enquanto sociedade levou a sucessivas derrotas, em todos os planos. Não apenas por problemas internos no PT, mas pela ausência cotidiana da direção na relação com a base e com os movimentos sociais, sindicais e populares.

O partido que na sua formação foi a consciência crítica dos governos e mandatos, se institucionalizou e perdeu a sua capacidade de ouvir e fazer o diálogo com a sua militância e principalmente com as trabalhadoras e trabalhadores que se sentiam representados por esta instituição.

As instituições quem conseguiram traduzir, compreender e identificar com melhor clareza, não que há geral concordância, são as Igrejas neopentecostais, organizações empresariais e o crime organizado, estes grupos operam como instituições. As igrejas por se organizarem em células e as organizações empresariais pôr no discurso travestido de colaboradores tratar a organização social como apenas um negócio e por fim o crime organizado que vem ganhando força (e ganhara ainda mais se a repressão do Estado) e preparando seus quadros para prestarem concurso público para carreiras de Estado e se tornarem candidatos às eleições.

Na sociedade de serviços não existe uma hierarquia tão explicita como na sociedade industrial. Coordenadores, chefes, gerentes põe a mão na massa e executam múltiplas tarefas, coisas que não aconteciam.
Esta confusão identitária trata de afastar a consciência de classe e o processo alienante do mundo do trabalho dificulta a própria classe trabalhadora, em especial os mais pobres a se reconhecerem como tal.

Enquanto isso nossas direções estão perdidas, presas no século XX naquela sociedade urbana industrial que já não existe mais e com isso estão sendo pautadas por essas organizações que foram vitoriosas no último pleito.

É necessário que neste momento o posicionamento seja por reconstruir uma direção plural, forte e comprometida com o PT, com sua militância e com o legado de seus governos e feitos históricos. Nosso Partido precisa resgatar a importância de sua militância e voltar a ser protagonista nos bairros, zonais, cidades, estados e em todo país.

Sem entender este novo processo, nossos dirigentes optaram por ficarem olhando no retrovisor, a luta de classes é um processo vivo e o capitalismo deve ser combatido todos os dias de acordo com as forças e a conjuntura presente. Para que possamos avançar, é necessário compreender que sociedade é essa. Como se organiza, quais são os seus anseios e suas reivindicações.

Este tempo presente apresenta uma conjuntura em que mais do que nunca é preciso um partido de esquerda forte, presente nas relações sociais e que compreenda que ser combativo e dinâmico só é possível se for construído por toda a sua coletividade.

Partido, partido é das trabalhadoras e dos trabalhadores.

 

*Adriano Fernandes –  Geógrafo, Militante PT CONTAGEM.

Fique ligado no nosso mandato!

COMPARTILHE NAS REDES SOCIAIS

COMPARTILHE NAS REDES SOCIAIS

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

FACEBOOK