Laudelina de Campos Melo nasceu em 12 de Outubro de 1904, em Poços de Caldas – Minas Gerais. Desde os seus sete anos de idade foi educada para trabalhar como empregada doméstica, numa época em que fazia pouco mais de 20 anos da Abolição (inacabada) da Escravidão. De família em situação de escravização, desde sua infância, sua coragem era notada por suas matriarcas, que observavam a sua forma de lutar contra as injustiças.
Durante a juventude, Laudelina engajou-se na política pela luta do povo negro. Ela foi eleita, aos 16 anos, presidenta do Clube 13, Agremiação Político-cultural de Negros de Poços de Caldas. Casada aos 18, para Santos – São Paulo, onde contribuiu diretamente na fundação do grupo cultural negro, “Saudades de Campinas”, do qual ela foi vice-presidente e oradora. A dança foi um instrumento de luta para Laudelina. Por meio dos concursos de dança e participação nos bailes da época demonstrava a resistência da cultura negra.
Na década de 30, sua vida política intensificou. Militou na Frente Negra Brasileira e, em 1936, ingressou no Partido Comunista Brasileiro e fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos, que com a Constituição de 1988 se tornaria o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos. Atuou como empregada doméstica até 1950 e continuou na luta contra as formas de opressão das trabalhadoras domésticas.
Dona Laudelina é hoje figura memorável e representativa da luta das empregadas domésticas por direitos, num mundo ainda dominado pelas imagens da escravidão. Sua luta teve consequências de longo prazo, além da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos, chegando a 2013 com a PEC das domésticas, que acrescia à Constituição os direitos para as empregadas domésticas, demonstrando que a coragem tem efeitos transformadores de longo prazo.
Texto: Karla Rebeca de Queiroz Rangel